Groenlândia: a independência em pequenos passos
Imensa ilha de gelo presente em qualquer mapa-múndi, a Groenlândia estimula a imaginação. Cobiçada pelo controle estratégico do Ártico, ela alimenta fantasias, seja como eldorado da mineração, seja como dado do apocalipse climático. No caminho para sua emancipação política, o povo inuíte busca recursos que lhe permita preservar um Estado social forte para enfrentar as limitações geográficas
Uma enorme multidão canta em coro no auditório do centro de Nuuk. De adolescentes a quinquagenários, todo mundo entoa os refrões em groenlandês da banda Zikaza. O carismático vocalista Siiva Fleischer fundou a banda de rock na década de 1980, em Aarhus, segunda maior cidade da Dinamarca. Há quinze anos, decidiu voltar a viver e se apresentar em casa. Apesar de uma modesta população de 19 mil habitantes, a capital da Groenlândia conhece bem a vida cultural moderna: teatro, cinema, discoteca, política de arte urbana (murais, esculturas), museus de história e pintura, festivais de cinema e música... O povo inuíte até hoje fascina por ter atravessado os séculos em condições de subsistência extremas.1 Embora atualmente ele viva em plena modernidade, talvez tenhamos esquecido um pouco rápido demais que suas limitações naturais fora do comum continuam ali. Ao propor comprar a Groenlândia da Dinamarca, em agosto de 2019, o presidente dos…