Impunidade patronal
A França é o segundo país europeu com o maior número de acidentes de trabalho fatais – números que talvez tenham relação com a indulgência que caracteriza o sistema judiciário quando empregadores estão no banco dos réus
Em 2017, Adrien Alcodori morreu ao cair em um canteiro de obras no departamento de Hérault, no sul da França. O andaime onde trabalhava o jovem telhadista não tinha guarda-corpo. Inicialmente, os policiais se recusaram a registrar a queixa apresentada por sua mãe, Christel Ricard. “Disseram que meu filho estava errado. Felizmente, a auditora fiscal do trabalho apontou falhas na segurança.” Os empregadores, administradores de uma empresa familiar, acabaram sendo multados em 60 mil euros. “Talvez, se fossem um pouco mais punidos, prestariam mais atenção à vida humana”, afirma Ricard. Francis D., por sua vez, espera há sete anos notícias da investigação aberta após a morte de seu irmão Sébastien, um funcionário da prefeitura atropelado durante o serviço por uma empilhadeira com freio defeituoso. Já Johanna Bento Daire, cujo marido morreu em 2020 dentro da secadora de uma lavanderia, retoma as esperanças: embora, segundo a polícia, o acidente não tenha…