Israel avança freneticamente suas peças
Bashar al-Assad ainda não havia nem abandonado seu palácio e Tel Aviv já afiava suas armas. Enquanto os islamistas dão seus primeiros passos no comando da Síria, o Exército israelense destrói meticulosamente as capacidades militares de seu vizinho e se infiltra em seu território, em flagrante violação do direito internacional
Assim como a natureza detesta o vazio, Israel parece abominar a incerteza que acompanha as transições políticas nos países vizinhos mais imediatos – a menos que a intenção seja explorá-las a seu favor. Antes mesmo de a notícia sobre a fuga de Bashar al-Assad se espalhar na manhã de 8 de dezembro, Tel Aviv apressou-se em mover suas peças na Síria. A demonstração de força começou com o desdobramento do Exército israelense na zona desmilitarizada supervisionada por mil capacetes-azuis da Força das Nações Unidas de Observação do Desengajamento (FNUOD) no planalto de Golã. Esse espaço-tampão, com quase 80 quilômetros de extensão, foi estabelecido por um cessar-fogo em 1974, seis meses após a tentativa fracassada da Síria de recuperar Golã, dois terços (1.250 quilômetros quadrados) do qual haviam sido conquistados por Israel em 1967. Considerado território ocupado desde então, o planalto, habitado por famílias drusas, viu o crescimento de colônias israelenses…