Mercosul, o sonho de livre comércio da esquerda latina
Menos de um mês depois de assumir o cargo, o presidente Lula afirmou ser “urgente e altamente indispensável” que seu país ratifique a proposta de tratado de livre comércio que visa vincular a União Europeia e o Mercosul, o Mercado Comum do Sul, criado há mais de trinta anos e que une Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai
O “Libertador” Simón Bolívar (1783-1830) sonhava unir a América Latina para emancipá-la. Em 1991, Buenos Aires, Brasília, Assunção e Montevidéu se uniram, mas com outro projeto: “Aumentar o tamanho de [seus] mercados”. Em 26 de março daquele ano, os governos dos quatro países, todos conservadores, assinaram o Tratado de Assunção, que deu origem ao Mercado Comum do Sul (Mercosur, na sigla em espanhol, e Mercosul, na versão em português). O objetivo? Criar, em menos de quatro anos, um espaço econômico partilhado, para “assegurar uma integração internacional bem-sucedida”, adaptada à “evolução do contexto internacional”, por meio de uma “coordenação das políticas macroeconômicas” e de uma melhor “complementaridade dos setores econômicos”.1 O “contexto internacional” era de mudança. No início dos anos 1990, o “fundo do ar não era vermelho”,2 mas da cor do dólar. O colapso do bloco soviético consagrou o triunfo dos Estados Unidos e do modelo neoliberal. O secretário-geral da…