Miscelânea
Arrigo de Marcelo Ridenti (Boitempo) e Em busca do tempo perdido de Marcel Proust (Companhia das Letras)
ARRIGO Marcelo Ridenti, Boitempo Quando se pensa em Marcelo Ridenti, logo vem à mente o notável sociólogo da cultura, especialista nas esquerdas brasileiras de meados do século XX. Porém, eis que, agora, o professor da Unicamp mobiliza esse mesmo cabedal para fazer sua estreia na ficção com o romance Arrigo, lançado pela Boitempo Editorial. A obra é atravessada pelo personagem do título, lendário militante comunista. Como tomamos conhecimento desde o início, o narrador – um pesquisador da esquerda brasileira – se encontra involuntariamente trancado dentro (e sem nenhum contato com o mundo externo) do apartamento de Arrigo, no decadente Edifício Esplendor, em São Paulo. Em sua companhia, o corpo inerte do “velho guerreiro”, aparentemente falecido. É nesse cenário algo surreal que as aventuras políticas e afetivas de Arrigo e de seus companheiros e companheiras vão sendo reavivadas. Com essa estratégia narrativa, Ridenti logra estabelecer uma tensão permanente entre o presente…