Miscelânea – resenhas
A RELIGIÃO DO CAPITAL Paul Lafargue, 100/cabeças Do célebre autor de Direito à preguiça e contemporâneo de Marx, A religião do capital (1887) ganha edição impecável, com o perdão do trocadilho, já que encharcada na religião cristã, em forma e conteúdo. O projeto gráfico pode fazer com que ele seja confundido com um missário romano. Nada mais coerente, já que Lafargue toma a Bíblia emprestada para escrever seu próprio evangelho para os amaldiçoados pelo Deus-Único do capital: “os condenados a comer o pão coberto de escarro e a beber a água suja de lama”. Satírico, implacável e escatológico, Lafargue prenuncia as formas breves de Kafka e os dramas de Brecht. Como em “Catecismo dos trabalhadores”, no qual a classe trabalhadora responde em coro a um pastor, vocalizando uma liturgia profana, a meio passo do teatro de arena: “– Como o Capital, seu Deus, recompensa você? Dando trabalho todo dia para…