Na Coreia do Sul, um golpe de Estado revelador
A princípio, parecia ser um dos maiores fiascos da história mundial dos golpes de Estado. Foram necessárias menos de seis horas para que fracassasse a tentativa do presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, em 3 de dezembro de 2024. Contudo, com o passar dos dias, o que parecia uma operação digna de trapalhões deu lugar a uma interpretação dos fatos muito mais preocupante
No último dia 3 de dezembro, o presidente da Coreia do Sul deixou repentinamente uma reunião do conselho de ministros, sem dar explicações. A maioria dos membros do governo só soube o motivo dessa saída inesperada ao ouvir Yoon Suk-yeol discursar em rede nacional, falando de uma sala adjacente: o país estava prestes a enfrentar seu 17º episódio de lei marcial desde a fundação da República, em 1948. Por sorte, o mais breve. No momento em que tomou a palavra, a situação parecia simples para Yoon: quando uma Assembleia Nacional dominada pela oposição se recusa a atender às ordens de um presidente – por exemplo, ao não aprovar o orçamento exigido por seu governo –, ela desrespeita o sufrágio universal e ignora a Constituição. Não importa se os deputados também foram eleitos nem se a força da oposição na Assembleia decorre principalmente da aversão generalizada ao presidente. No mundo de…