Não há democracia sem reforma agrária
Reforma agrária cria comunidades de produção de alimentos, com moradia, saneamento, água, escolas, espaços de lazer e de cultura. Isso fomenta novas sociabilidades, fortalecidas por mulheres, pela juventude, pela comunidade LGBTQIA+, pelo povo preto e toda a gama de comunidades tradicionais que preservam a sustentabilidade de seus território
Vivemos em um país onde houve uma falsa abolição da concentração de terras e da escravidão. E ao longo dessa história também vivemos o aniquilamento da execução de reformas estruturais – socialmente transformadoras – de uma jovem democracia, que foi golpeada pelo regime militar em 1964. O estopim da ditadura, justamente, anunciava o apelo pela reforma agrária, pelas reformas tributárias, pela reforma eleitoral ampla, pelo voto de analfabetos, pelo fortalecimento da democracia, pela emancipação do povo brasileiro, por justiça social e desenvolvimento do país. Quase sessenta anos depois, grande parte dessas reformas estruturais intoleráveis à elite política e agrária do Brasil manteve-se intocada. Nesse cenário, a democratização do acesso à terra é uma delas: 1% dos proprietários é dono de quase 50% das terras. Isso mostra que o país apresenta a maior concentração fundiária do mundo. Com isso, o Brasil resguarda a constância de profundas contradições, entre elas as desigualdades…
A resposta à pergunta por que o país que alimenta o mundo não alimenta seu povo é que a cultura do venha a mim e os outros que se danem o não visa o bem-estar do povo, mas dos um por cento do topo da pirâmide social. A situação, não obstante em tudo se assemelhar a que levou à conflagração na França de 1789, tem se sustentado pela ação do pão e circo que não deixa espaço para o povo pensar. Aí está a elevação de Pelé a verbete de dicionário como um dos muitos exemplos para a escola de fazer analfabetos políticos.