No Oceano Índico, um ecossistema em perigo
Dos desertos às fossas submarinas, a atividade industrial vai minando, pouco a pouco, o planeta inteiro. Nem os tesouros ecológicos mais isolados conseguem resistir. Esse é o caso de Saya de Malha, um alto planalto marinho situado bem no meio do Oceano Índico. Um ecossistema gigantesco, ao mesmo tempo crucial e frágil, ameaçado tanto pelos arrastões do fundo marinho como pelos projetos de mineração
Quase ninguém ouviu falar dele e, no entanto, é um dos lugares mais essenciais para a sobrevivência de nosso planeta. Submerso no Oceano Índico, entre as Ilhas Maurício e Seychelles, distante da costa mais de 300 quilômetros, o Banco de Saya de Malha, com uma área comparável à da Suíça, está entre os maiores prados marinhos do mundo. Às vezes, é chamado de ilha invisível, pois faz parte de um vasto planalto que, em alguns pontos, é coberto por apenas cerca de 10 metros de água. Há mais de cinco séculos, navegadores portugueses lhe deram o nome “saia de malha”, em referência ao tapete vegetal que viam ondular sob a superfície. Por muito tempo, suas variações imprevisíveis de profundidade fizeram com que navios mercantes e exploradores se mantivessem a distância dessa terra fantasmagórica, como aquelas que os mapas designavam outrora pelas palavras “Hic sunt dracones” [Aqui se encontram dragões]. Hoje,…