O acordo UE-Mercosul e o Cerrado
Tratado tende a reforçar o modelo de dependência pós-colonial de exportação de commodities e importação de industrializados, além de impactar importantes políticas de fortalecimento da agricultura familiar e tradicional e programas de compras públicas, que já vêm sendo sucateados. Para o Cerrado, alvo da expansão da captura de terras, seria uma verdadeira catástrofe
Desde que foi anunciado o texto final do acordo de associação entre a União Europeia e o Mercosul, em junho de 2019, diversos debates tomaram corpo. De um lado, a visão corporativa, que enxerga com bons olhos o incremento dos indicadores econômicos como o PIB, resultado de mais exportações, e alguma preocupação com a concorrência no mercado interno, com produtos industrializados europeus entrando no país com preços mais competitivos. De outro, visões críticas que elencam possíveis impactos do acordo sobre os direitos humanos e territoriais, o meio ambiente e o clima, a agricultura familiar e camponesa, assim como para o mundo do trabalho. O acordo entre os blocos é dividido em três textos: comercial, cooperação e diálogo político. Embora apresentado como um pacto do século XXI que levaria seus países-membros a padrões ambientais mais altos, o acordo não avança em como isso seria possível de fato, trazendo capítulos contraditórios entre si e com…