O fiasco Boric e a restauração pinochetista
A derrota no plebiscito da Constituinte em setembro de 2022 aprofundou o caráter iníquo do governo Boric. Esse fiasco, que frustrou profundamente as expectativas populares, permitiu uma verdadeira restauração pinochetista, agora em pleno curso e sem perspectiva de terminar
O jovem Gabriel Boric foi eleito presidente do Chile em dezembro de 2021 com o maior número de votos que um presidente chileno já teve (4,6 milhões), na eleição com a maior participação da história do país (8,2 milhões). Além de barrar o neopinochetismo de José Antonio Kast e derrotar a extrema direita em ascensão (Partido Republicano) apoiada pela direita tradicional (UDI e RN), a tarefa política do mandato de Boric era conduzir uma ruptura com o neoliberalismo herdado da ditadura de Augusto Pinochet e plasmado na Constituição de 1980, liderada pelo então senador Jaime Guzmán. Para isso, ele tinha respaldo não apenas de seus eleitores, mas também do processo histórico que o conduziu à presidência: os protestos estudantis de 2006 e 2011 pela gratuidade na educação pública, contra o sistema de endividamento estudantil via Crédito com Aval do Estado (CAE) e o legado pinochetista na educação; as manifestações de…