O impasse das políticas identitárias
Com raízes históricas longínquas, a linguagem identitária explodiu com as redes sociais e os canais de notícias 24 horas. Anteriormente reservada à direita, ela impregna cada vez mais os discursos de militantes e dirigentes políticos de todos os campos, a ponto de transformar a “raça” em uma variável gigantesca, que esmaga todas as outras
A questão racial ressurgiu brutalmente no centro das notícias, em 25 de maio de 2020, quando as imagens do assassinato de George Floyd, filmadas por um transeunte com um smartphone, foram veiculadas em loop continuamente nas redes sociais e canais de notícias. O assassinato desse afro-americano por um policial branco em Minneapolis gerou uma grande onda de emoção e de protestos em todo o mundo. Uma multidão de atores – ativistas antirracistas, jornalistas, políticos, intelectuais, especialistas, artistas, escritores etc. – interveio nos Estados Unidos e em outros lugares para dar sua opinião sobre esse crime e seu significado político. Na França, nos últimos quinze anos, a denúncia pública de crimes racistas ou de fatos que nutrem suspeitas de discriminação racial tem regularmente assumido na mídia a forma de “questões raciais” que se autoalimentam quase infinitamente. Após a petição intitulada “Manifesto por uma República francesa antirracista e descolonializada”, assinada por 57 intelectuais e divulgada pelo site Mediapart em 3 de julho de 2020, o semanário Marianne respondeu em 26 de julho de 2020 publicando um “Apelo contra a racialização da questão social”, assinado…