O nascimento de Drácula
Vampiro é um desses raros mitos que inventaram nossa modernidade. É claro que ele assombrou alguns romances ao longo de todo o século XIX, e diz-se até que existiu um Dracul de má reputação na Transilvânia. Mas foi no fim do século XIX que essa figura assumiu toda a sua força, num pano de fundo de repressão ao portador da desordem, tanto sexual como social
Em 25 de maio de 1895, Sua Majestade Vitória, rainha do Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda, rainha do Canadá e imperatriz das Índias, pela primeira vez conferiu um título de nobreza a um ator. Henry Irving, o novo cavaleiro, era também diretor e proprietário do Lyceum Theatre, em Londres. No dia seguinte, foi dada uma festa no teatro. A nata da política e do espetáculo londrinos estava lá. William Gladstone, o grande liberal e ex-primeiro-ministro; a atriz Ellen Terry, considerada a Sarah Bernhardt inglesa, contratada por Irving durante 24 anos; o cenógrafo Joseph Harker; o crítico e dramaturgo George Bernard Shaw; Herbert-George Wells [H. G. Wells], de quem The Time Machine [A máquina do tempo] acabava de ser publicado em folhetim; Arthur Conan Doyle, Somerset Maugham e Thomas Hardy, espectadores assíduos... Observou-se a ausência de Oscar Wilde, condenado, no mesmo dia, por homossexualidade, a trabalhos forçados. Entre os…