O retorno do trabalhador à cena política norte-americana
A preferência do eleitorado popular por Donald Trump, especialmente em estados politicamente sensíveis do Meio-Oeste, levou o Partido Democrata a fortalecer seus laços com o movimento operário. Contudo, os sindicatos também intensificaram suas ações em campo, com a confiança elevada em obter conquistas por meio de greves
A posição central ocupada pela figura do trabalhador nos discursos separa esta campanha presidencial das anteriores nos Estados Unidos. Ao longo do último meio século, um dos principais feitos da ideologia neoliberal foi eclipsar os setores populares do imaginário político norte-americano. A figura do trabalhador foi substituída por outros dois sujeitos socioeconômicos agora facilmente identificáveis: o consumidor e o contribuinte, referências quando se trata de definir os contornos do debate público e o teor das políticas sociais. Ambos inclusive ganharam relevância à medida que a presença simbólica e os direitos econômicos da classe trabalhadora retrocediam.1 Paralelamente ao desmonte metódico da proteção ao trabalhador, que resultou em estagnação salarial, uso crescente de mão de obra “temporária”, redução dos benefícios oferecidos pelos empregadores e enfraquecimento do direito de greve, tornou-se comum nos Estados Unidos avaliar o progresso econômico global com base na expansão dos direitos do consumidor (o direito de escolher, obter…