O Uruguai transformado em prisão
Após o golpe de Estado de 27 de junho de 1973, o Uruguai se tornou o país com o maior número de presos políticos proporcionalmente ao tamanho de sua população
Doze bandeiras brancas enfileiradas na terra preta cobrem os restos dos ossos que acabaram de ser encontrados no entorno do 14º Batalhão de Infantaria Paraquedista – a cerca de 20 quilômetros de Montevidéu –, um lugar utilizado durante a ditadura uruguaia (1973-1985) como centro de tortura e detenção. Segundo a equipe de arqueologia médico-legal da Instituição Nacional dos Direitos Humanos (INDDHH), trata-se de uma das 197 pessoas que a junta fez desaparecer. No caso, uma mulher que faleceu sob tortura. O INDDHH ainda não a identificou desde que descobriu seu esqueleto a 30 centímetros de profundidade, recoberto de cal, sob um pedaço de louça, às 10h13, em 6 de junho de 2023. Ou seja, três semanas antes que o país recordasse os cinquenta anos do golpe de Estado. No início da manhã de 27 de junho de 1973, o presidente, com o apoio das Forças Armadas, dissolveu o Parlamento. Juan…