Os crimes do exército imperial
Philippe Pons
O Japão invadiu o Norte da China em 1937. À chegada a Nanquim, o exército japonês pôs em prática um massacre maciço de civis: de 150 a 300 mil pessoas foram executadas nas mais atrozes condições (mulheres estupradas, homens torturados, crianças enterradas vivas). A cidade foi saqueada e incendiada. O massacre de Nanquim seria o único crime de guerra a ser tratado em separado pelo Tribunal de Tóquio. O general Iwane Matsui foi condenado à morte por não ter impedido a carnificina cometida pelas tropas que comandava1.
As mulheres revigorantes2
A descoberta de documentos dos arquivos militares permitiu estabelecer a responsabilidade do exército na organização do “tráfico” de 200 mil mulheres asiáticas, em sua maioria coreanas, destinadas aos bordéis militares do exército imperial entre o final da década de 30 e a derrota, em 1945, obrigando o governo a reconhecer os fatos em 1992. A partir de então, as vítimas exigem indenizações do Estado japonês, que se recusa a considerá-las, argumentando que a questão das indenizações de guerra já foi resolvida. Entretanto, foi criada uma fundação para ajudar as vítimas3.
A Unidade 731
Entre 1936 e 1945, nas proximidades de Harbin, na Manchúria, uma unidade especial do exército japonês, sob o comando do general Shiro Ishii, dedicou-se a experiências de guerra bacteriológica e à vivissecção, utilizando para esses fins mais de três mil pessoas (em sua maioria, civis chineses). A “Unidade 731” pôs em prática algumas de suas descobertas na região de Nanquim, propagando epidemias através da água de poços. Após a derrota, os norte-americanos concederam a impunidade ao general Ishii, em troca do resultado de seus trabalhos. Vários de seus colaboradores seguiram a carreira profissional em grandes laboratórios farmacêuticos japoneses*. >br
Philippe Pons é jornalista, autor particularmente de Misère et crime au Japon, du XVII e siècle à nos jours, 1999, e D’Edo à Tokyo, 1998, ambos pela Gallimard, Paris.