Os estados desunidos da América
Devemos considerar essas instâncias de poder, no âmbito dos estados, como expressão da democracia? Em vista da repetida incapacidade de Washington aprovar um orçamento, seria tentador responder que sim. Mas, em compensação, a margem de manobra deixada para os cinquenta membros da Federação contribui para silenciar vozes dissidentes e enfraquecer a representação democrática
Se por um lado, em novembro de 2020, boa parte do mundo tinha os olhos voltados para a disputa à presidência entre Joe Biden e Donald Trump, por outro os norte-americanos sabiam que as diversas eleições (Congresso, Condados, referendos etc.) que se desenrolavam no mesmo momento em cada um dos cinquenta estados da Federação também tinham uma importância política muito grande. Quando as instituições nacionais estão divididas – ou seja, quando a Câmara dos Deputados, o Senado e a presidência não são controlados pelo mesmo partido –, como acontece há muitos anos, a máquina legislativa federal é bloqueada: é difícil, se não impossível, aprovar leis sobre assuntos que dividem democratas e republicanos. Os estados acabam, então, preenchendo o vazio deixado por Washington – pelo menos sobre as questões que não dizem respeito à defesa ou à política externa. Nos estados mais avançados em matéria de inovações legislativas, o gabinete do governador, a Câmara dos Deputados e o…