Os operários e a guerra do Vietnã
Estudantes contra a guerra, de um lado; operários pró-guerra, do outro. Essa é a imagem freqüentemente veiculada sobre o engajamento militar norte-americano contra o Vietnã, mas está longe de ser a verdade .Rick Fantasia
A maioria das pesquisas indica que, até 1967, foram os norte-americanos mais ricos e com um maior nível de escolaridade, e não os operários e empregados, que apoiaram mais ativamente a política imperial de seu país. 1 Bastou ser colocada em questão a determinação que permitia aos estudantes adiarem a incorporação ao exército até o final de sua escolaridade, para que a oposição à guerra nos meios privilegiados aumentasse.
A repressão policial contribuiu, em seguida, para endurecê-la.
Em um contexto de conflitos raciais, a generalização do apelo às drogas e a animosidade crescente entre soldados rasos e seus comandantes atingiram proporções de crise aberta
A hostilidade dos meios operários ao conflito no Vietnã progrediu a partir de 1968, na retaguarda, mas também no front. Em um contexto de conflitos raciais e de desenvolvimento da contracultura, a generalização do apelo às drogas e a animosidade crescente entre soldados rasos e seus comandantes atingiram proporções de crise aberta. Foram registradas centenas de casos de tropas que se recusaram a atacar e, pelo menos, dez rebeliões significativas.
A orientação bélica da central sindical AFL-CIO não coincidiu como se esperava com os sentimentos dos soldados mais jovens e dos combatentes que acabavam de chegar da Indochina.
(Trad.: Wanda Caldeira Brant)
1 – Ler, de Bruce Andrews, Public Constraint and American Policy in Vietnam, ed. Sage Publications,