Os reaças: “Antes era melhor”
Quando a esperança se torna rara, a nostalgia dos aventureiros desiludidos renasce. Políticos ou literários, os autores dessa tradição em geral são críticos a uma ordem que lhes parece muito “burguesa”, submissa às aspirações conformistas da multidão. Porém, sua forma de romantismo, profundamente conservadora, não oferece nenhum futuro desejável – mas esse não é mesmo seu objetivo
Relaxado. Desinibido. Surdamente deprimido, mas corajosamente desenvolto. Enfrentando heroicamente o desencanto do mundo. Carregando o luto dos sonhos passados com fervor. E ousando opor-se ao consenso dos dominantes. Tem a lucidez melancólica, mas tônica, e a audácia de se declarar defensor de causas mal-afamadas. Sua rejeição aos valores defendidos pelos notáveis tem uma impertinência que se tornou rara. Seus temas são de fervorosa atualidade: desgosto do mundo, nostalgia dos referenciais de outrora e raiva de um presente destrutivo, profundo desconforto com um futuro que parece um beco sem saída, impressão de que tudo está arruinado, convicção de que somos impotentes. O que aqui se enuncia é menos um manifesto do que as grandes linhas de um imaginário: o imaginário reacionário, que se propagou coroado por uma reputação subversiva, capaz de assumir com orgulho a solidão de uma posição minoritária. Do lado dos vencidos... E, para elaborá-lo, há muito tempo a…