Plano de duas feministas
E a gente enfia pra dentro do armário, querendo fazer com que liberação não seja putaria. O serviço de dar prazer, é parte da nossa constituição – não pode ter nada de errado em vender esse serviço, é um serviço e um serviço político, de re-erotizar o que ficou inanimado, abandonado, desprezado pela matriz sexual…Fabiane Borges, Hilan Bensusan
Preliminares? Conheci Élida no fim dos anos 60, acho que numa manifestação um pouco antes do AI-5. Encontrei-a muitas vezes na casa de Joyce, uma militante que reunia apenas mulheres na sua casa às sextas-feiras, depois que o regime fechou. Eram reuniões intermináveis. Muitas vezes ficávamos todas bêbadas e víamos pela fresta da janela do apartamento no Leme o sol nascer na praia. Joyce havia estado nos bastidores da passeata dos 100 mil, mas naquele ano estava se desquitando e andava querendo descobrir a solidariedade feminina. Sua solidariedade às vezes parecia intimidade – ela queria achar que na cama o feminismo é lesbianismo. Élida não parecia ter achado isso, mas quase não saía daquele apartamento. Elas eram o núcleo de uma conspiração de mulheres com braços por todos os lados. Éramos todas jovens mulheres de menos de trinta anos e já quase todas esposas. Depois vieram os anos duros, muitas perderam amigos, tiveram maridos desaparecidos e quase todas exilaram-se. Ainda lembro daquelas noites como espaços abertos em nossas vidas cada vez mais encurraladas. Élida tornou-se psicóloga e saiu pelo mundo – acho que se exilou logo depois que a Joyce parou com suas reuniões de sextas-feiras. Tinha notícias dela de Paris, da Turquia, de praias remotas escrevendo livros. Encontrei-a depois de mais de trinta anos na saída de um evento sobre travestismo e prazer. Ela não havia mudado quase nada, os mesmos cabelos pretos – ela sempre pintava – os olhos verdes e muitos panos cobrindo os ombros. Eu acho que a reconheci primeiro porque eu sei que eu estava muito mudada. Sentamos em um café e eu disse:
— Élida, você tá ainda tão bonita, não mudou nada, me conta tudo, tudo! Bem devagar…
— To fodida minha nega! Tô voltando pro Rio cheia de idéias, mas sem conseguir botar os pés no chão até hoje. Ainda me apaixonei por um estudante da faculdade, isso ta me deixando alcólatra de novo… Um uísque com gelo, por favor!
— Ah, é aquele moço que estava conversando com você? Ele é muito bonito mesmo, pensei que fosse um transexual…
— Não, nem é. Eu também andei azarando esse, mas saí em seguida, é muito cheio de neura e me chamava de mami quando a gente trepava, ahi é demais pra mim. Queria tanto ser chamada de novo de princesa, linda, essas coisas que a gente ouvia naquela época, quase quarenta anos atrás, o tempo voa amiga. Ando tão nostálgica ultimamente. Na real nesses últimos anos tenho a maior despesa do mundo com os homens. Quem diria! Mas pelo menos me divirto ainda, tem gente daquela época, os que sobraram, que não fazem idéia do que seja isso. Querida, conta de você, o que aconteceu com você?
— Élida, você se lembra da Aninha, que era amiga da Joyce também, que morava na Urca e que era casada com um coronel da repressão, lembra? Então, neguinha, estamos juntas há mais de vinte anos, morando ali em Ipanema, cê acredita?
— Ahahahahha, que ótima história. O coronelão deve ter ficado furioso! Caralho, você roubou a primeira dama do quartel! Alias, você comeu quase todas aquelas feministas, eu lembro bem que tive que ser dura com você…
— Todo mundo dizia que você era a namoradinha da Joyce… eu quase nem me atrevia. Mas ó, foi a Roberta, uma das solteiras, foi a Lucia, foi a Marlene… não sei quantas. A Joyce também fez as suas investidas, mas ela nunca me deu tesão, cê acredita?
— Acredito, a Joyce tinha algo de travecona, até hoje ela é desajeitada, mas tá muito bonita, com uma pousadinha nos Pirineus, casou com um francês uns quinze anos mais jovem, um gato, ahahah, charmoso!. Me conta, você não ficou com homem nenhum desde aquela época?
Regina, eu tava pensando muito nessas crises universais da terceira idade, querida, foi ótimo encontrar você, perfeito!!! To afim de montar um Bordel de Homens, pra atender nossos, digamos, desatinos eróticos
— Bem, eu era casada com o Fernando, você se lembra dele? A gente era até feliz, revolucionários juntos, e tudo. Tínhamos um casamento aberto e eu sabia que ele dormia com a Joyce e com a Lucia de vez em quando. Depois que ele mudou para o México, que a coisa apertou, eu fui com ele, mas me convidaram para dar aulas aqui e eu voltei sozinha. Você sabe que nós nunca divorciamos? Depois teve o Fonseca, que me enloquecia na cama, mas que era discordância política sem parar – tipo ele era do governo Chagas Freitas… A separação foi foda, minha irmã, ele me procurava quase toda noite etc. Foi nessa época que eu reencontrei a Aninha…
— E abandonou os homens.
— Ih, amiga, essa coisa de abandonar eu não acredito. Acho que aquilo que já me erotizou algum dia, nunca deixa totalmente de ser excitante. Além disso, com o tempo mais coisas me excitam, mais coisas me parecem sensuais. Os homens me deram muito prazer… O Fernando, o Fonseca… Sabe que tem uns três anos, o Fernando passou uns seis meses aqui no Rio e não saía lá de casa. Você sabe que já não temos idade para transar os três juntos toda noite, mas tiramos uns bons caldos. A Aninha sim é que não dava para um homem há mais de dez anos, depois disso encontrou o Carlos que não sai lá de casa, mas quase não transa comigo…
— Regina, eu tava pensando muito nessas crises universais da terceira idade, querida, foi ótimo encontrar você, perfeito!!! Eu estou voltando pro Rio de Janeiro e estou com uns contatos em Salvador e em Natal, você sabe, sou pragmática até o útero. To afim de montar um Bordel de Homens, pra atender nossos, digamos, desatinos eróticos. Tava mesmo precisando de uma sócia, o que você acha de montarmos um plano?
— Élida, Élida, tuas idéias. Eu… eu… eu topo. Acho que na minha idade homens são necessários apenas para me divertir – aliás eu sempre achei isso. Eu estou certa de que eu nunca teria uma relação como a que eu tenho com a Aninha com um homem. Mas, nunca deixei de tentar me aproximar deles. Acho que um bordel seria uma boa maneira de me aproximar dos homens, eles adoram as mulheres que lhes ofereçam outras mulheres… Mas você tá pensando em um bordel só pras que tão virando o cabo da boa esperança como nós?
Que tivéssemos encontros virtuais e presenciais entre a equipe de trabalhadores e também cursos para formação de profissionais do sexo, homens, mulheres, travestis, lésbicas, todo esses LGBTTs. Podemos oferecer cursos abertos como o de pompoarismo
— Não, achei que o fato de estarmos velhas, é uma inspiração, mas na real sempre pensei no que seria um bordel que atendesse vários tipos de desejos, sem exploração dos trabalhadores, com oficinas de formação para vários segmentos e ainda por cima, massagens eróticas, nega!!!
— Você sabe que eu e a Aninha passamos seis meses em Moçambique – já fazem uns 15 anos. Lá a gente frequentou uma escola de sexo por um mês. Era uma escola para mulheres apenas, aprendemos pompoarismo, fizemos lulas na buceta… ahahahah, olha, os homens podem até não gostar do meu corpo e muitos nem se excitam comigo, mas quando eles metem em mim, eu faço coisas que eles nunca sentiram antes – é por isso que eu tenho uns amantes que sempre voltam… Élida, eu sempre quis ensinar pompoarismo para as velhas – acho que é o segredo das bruxas: ou saímos voando de vassoura ou seguramos os paus dos caras com os músculos da nossa xana… hahaha…
— Bom, isso também pode entrar, só quero ter cuidado para não formar uma escola. Por favor, escola não. Tem que ser um bordel, pra sacanagem, e podemos conjuntamente dar uns cursos. Mas sabe que eu preferiria que esse bordel fosse descentralizado. Como um bordel virtual que tivesse alguns contratos de locação com pequenos e grandes hotéis do país. Que tivéssemos encontros virtuais e presenciais entre a equipe de trabalhadores e também cursos para formação de profissionais do sexo, homens, mulheres, travestis, lésbicas, todo esses LGBTTs. Criamos um nome fictício, e a partir dessa “marca” podemos oferecer cursos abertos como o de pompoarismo. Queria que tivéssemos também alguns pequenos lugares ao longo do Brasil, como um no interior de São Paulo, outro em Salvador e conforme for indo os negócios vamos comprando mais alguns, com associados locais, para que a gente pudesse ter a distribuição do prazer para todos que precisam, num preço legal e com equipe altamente qualificada. E também para termos nossos próprios espaços para as imersões de equipe e também para os cursos.
— Uau, você planejou tudo, fantástico, Élida. Eu tenho uma casa na praia das Perobas, em Touros, no Rio Grande do Norte. Lá eu conheço uns rapazes locais que visitam as hóspedes da Pousada do Vozinho de noite por duzentos reais. Geralmente são poucas mulheres ainda e muitos rapazes para o serviço, é como na Jamaica, as mulheres mais ou menos acertam um pacote de uma semana com o serviço incluído. Sempre penso em fazer alguma coisa com minha casa lá…
— Puxa, isso seria muito interessante. Uma casa no litoral Norte, lugar discreto, para descanso e para fazer amor profissional, massagem, vídeos, nós podemos inclusive criar uma pedagogia para nossa equipe, claro, que fosse construída coletivamente, cada um falando da sua experiência, das suas motivações para se meterem nesse tipo de negócios, podemos inclusive lançar uma marca de camisinha!!! Ahahahah, estou tão excitada com essa idéia. Regina, você aceita ser minha sócia?
— Já aceitei. Nós podemos começar com os rapazes de Peróbas e com o… vou te apresentar o Isaías, um rapaz que eu conheci lavando carros na faculdade, depois estudou, foi fazer antropologia, foi estudar as putas de Copacabana e está fazendo um doutorado com bolsa lá na UERJ. Ele completa o orçamento – adora alugar carros caros – fazendo esse tipo de serviço para estrangeiras. Ele só cobra em euros e conhece vários outros rapazes que fazem isso.
Temos que valorizar os pedaços de carnes flácidas, os punhados de peles enrugadas, os seios fartos e caídos, o saco espichado, mas associar tudo isso com prazer
— E as lésbicas, temos que pensar nelas também. Odeio puta que não gosta de sair com mulher! Sempre me ofendeu essa história. Mas é porque o mercado era mais restrito, agora é nós minha amiga! Vamos pensar num nome para nossa empresa. Somos trabalhadoras do prazer. Somos agenciadoras do prazer a todos sem discriminação, e também temos que formar uma equipe bacana, de gente que queira mesmo esse negócio, tem que ensinar a galera a chupar. Faremos um grupo de educadores sexuais!!!! Mas sem escola, por favor!!!! Descentralização!! Temos também que ter uma publicidade massa, porque essas propagandas pornográficas me dão nojo, só bunda e seio e homem cheio de músculo. Queria que nossa publicidade fosse feita para pessoas normais, pessoas comuns, sem extravagância de super corpos, somos responsáveis por desvencilhar o erotismo da super máquina. Temos que valorizar os pedaços de carnes flácidas, os punhados de peles enrugadas, os seios fartos e caídos, o saco espichado, mas associar tudo isso com prazer.
— Sim, você sabe, Élida, eu sempre fui da turma do prazer. Mesmo no tempo da minha militância na O. Muitas vezes disseram que eu era da ala da putaria no movimento feminista e eu dizia que há uma dimensão de puta em todas as mulheres – em todas as pessoas. E a gente enfia pra dentro do armário, querendo fazer com que liberação não seja putaria. O serviço de dar prazer, é parte da nossa constituição – não pode ter nada de errado em vender esse serviço, é um serviço e um serviço político, de re-erotizar o que ficou inanimado, abandonado, desprezado pela matriz sexual… Élida, este é o projeto da minha vida – eu preciso te abraçar!
— Mas me conta como você consegue dar conta de falar que um bordel de homens seria um serviço político, inda mais pensando nessa nossa tradição de esquerda, feminista e tudo isso? Talvez esse seja exatamente o embate ético e político que me paralisou tanto tempo, me impedindo de colocar pra frente esse projeto.
— Eu sei, acho que existe uma tradição de puritanismo na esquerda – e no feminismo. É a coisa de saber o que é uma mulher liberada – e achar que é muito diferente uma mulher liberada de uma puta. Eu sentia esse embate também, querida, toda a minha vida me diziam que política não chega na rua das putas. Eu dizia, por que? Eu sempre achei que o patriarcado se impunha com a pornografia e com a prostituição das mulheres e nunca dos homens: dinheiro por xoxota, o negócio do patriarca, como dizíamos trinta anos atrás. Se serviço de puta não é político, então o feminismo para mim é perfumaria! Pô, nós dizíamos que o que é pessoal é político e quanto mais nós socamos nossas vergoinhas pra dentro da gaveta secreta mais políticas elas ficam!
No nosso bordel de homens, nós vamos inverter isso, nós vamos oferecer homens por dinheiro, mas nem é porque todos podemos ser objetos sexuais, mas porque subvertemos a ordem erótica se oferecermos prazer para todo mundo…
— Porque o serviço de puta seria político?
— É um serviço de regulação das energias eróticas. Todas as mulheres tem medo de serem consideradas putas, não? As putas são o patriarcado em forma bruta, dinheiro por xoxota. É ali, nos bueiros das relações patriarcais que escorre o esgoto, nada mais politico que o lixo, não é? Mas não é só isso, existe alguma coisa ontológica na putaria, entende? Serviços eróticos são serviços. Mas porque puta é mulher, ficou sendo um serviço baixo. No nosso bordel de homens, nós vamos inverter isso, nós vamos oferecer homens por dinheiro, mas nem é porque todos podemos ser objetos sexuais, mas porque subvertemos a ordem erótica se oferecermos prazer para todo mundo… e é claro, porque hoje algum dinheiro já para nas bolsas das mulheres sem ter machos vigiando.
— É, a questão da aliança dos serviços baixos com o lixo. Nós somos as recicleiras. Nada mais banal. A questão que me pega mais pesado nessa coisa da inversão, é que o serviço pra mulher é mais delicado. Quer dizer, enquanto um homem na maioria das vezes vai pensar em penetração em relação a um serviço desses, a mulher vai pensar nas benditas preliminares. E preliminares é, diga-se de passagem, um bom nome para nossa empresa. A inversão, nesse caso, é total, é como se a prostituição feminina tivesse colaborado com a idéia de ser a lixeira do lixo, que na verdade é o esperma. Não sei, parece meio careta, mas me pega. Como formamos uma equipe de profissionais do sexo onde a grande questão para de ser a penetração e ejaculação e passe a ser um prazer mais desmedido, mais intenso e de preferência mais orgástico? Quero dizer, o serviço é político sim, mas quero também que seja revolucionário, por isso é necessário pensarmos na questão do pagamento. Ahahahha, amiga, tô adorando você de minha sócia.
— Élida, que tal um preço antropológico, cada um paga o que quer?
— Contribuição para sobrevivência do serviço! Adorei! O negócio é que essa equipe então tem que ser bem aberta. E não vamos esquecer que vai rolar um monte de mulher poderosa como usuária dos nossos serviços, nesse caso temos que valorizar o serviço e ficar de sobreaviso, porque não aceitaremos exploração, mas sim, acho incrível que não sejamos mega empresárias do coito, mas revolucionárias do desejo!!! ixi, to me sentindo nos 60 de novo!!! Com a diferença que posso pagar, mesmo falida, uísque bom!! Garçom, mais um uísque!
Eu quero preliminares espalhados por todos os hotéis da cidade, todos os cafofos, todas as rodas de sinuca nos botecos… é a marca do nosso feminismo que ama sexo: erotismo por todos os lados, de todos os jeitos, de todas as posições, com todos os órgãos
— Single malt! To achando ótimo, Élida. Preliminares, acho que é um nome perfeito para nós. E, imagina, mulher, uma camisinha da marca ’preliminares’…
— Fia, o pior é conseguir uma borracha de bicho. Deveríamos voltar a fase das camisinhas feitas de bucho de porco, ahhahah, um brinde! As preliminares.
— Eita, Élida, bucho de porco! Matar porco pra não fazer gente? Vamos começar com as preliminares, anunciando nossos serviços para qualquer idade, qualquer sexo, qualquer raça. E, bem baixinho, para qualquer faixa de renda! Eu quero preliminares espalhados por todos os hotéis da cidade, todos os cafofos, todas as rodas de sinuca nos botecos… é a marca do nosso feminismo que ama sexo: erotismo por todos os lados, de todos os jeitos, de todas as posições, com todos os órgãos. Dissolver a penetração, a ocupação e a colaboração em um mar de práticas sexuais preliminares – imagino o que a Andrea Dworkin, no fundo, no fundo, falaria disso… E, claro, não é preliminar a nada, tudo é apenas preliminar de outras preliminares; não há fim das preliminares…
— Ok, a gente não mata os porcos. Vamos pensar em algo menos drásticos para o prazer. Mas vamos combinar que esse latex das camisinhas atuais são um saco, tanto camisinha de homem quanto de mulher. Eu preferiria uma proteção mais orgânica, algo do tipo camisinha orgânica por produção genética! Podemos pegar pesado, fazer isso. Entrar com uma proposta no Cnpq! Como pesquisadoras, afinal, ambas somos professoras universitárias, nega!
— Beleza, A Aninha vai pirar no projeto, como começamos? Qual o primeiro passo?
— O primeiro passo é pagar a conta e trocar de bar, pois já tô na fase de cantar o garçom…
Nós nos tornamos sócias na Preliminares. Já fazem dois anos que estamos nessa e já tem Preliminares em cinco cidades diferentes. E queremos infectar mais. Mas passo muitas semanas sem encontrar a Élida; quando encontro, ela abre um sorriso de boca inteira, mostra os dentes tortos e desvia os olhos como se já tivesse entregado toda a cumplicidade.
Mais:
Fabiane Borges e Hilan Besunsan assinam a coluna Políticas Esquizotrans no Caderno Brasil de Le Monde Diplomatique. Leia as edições anteriores:
Puta Ontológica
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É preciso deixar nascer. Pensar a política a partir dos partos. A erótica como parteira de nossas mais profundas potências. Por que corpos são palanques. Palanques com cheiro. E não há mandato para o novo: ele é delicado com a política e o sexo
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Por uma pornografia livre
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Esquizo versus trans?
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