Por que o regime sírio sobreviveu
Em dez anos, o conflito que devastou a Síria deixou 500 mil mortos e 12 milhões de deslocados. Dado como derrotado em 2011, o presidente Bashar al-Assad foi salvo pelas intervenções militares da Rússia, do Irã e do Hezbollah. Sua sobrevivência deve-se também à solidariedade no seio de sua comunidade, os alauítas, e ao controle absoluto exercido por sua família no país
Em 26 de maio de 2021, o presidente sírio, Bashar al-Assad, foi eleito para um quarto mandato com, segundo os números oficiais, 95,1% dos votos (88% em 2014) e uma participação de 76,4%. O escrutínio ocorreu unicamente nas regiões controladas pelo regime e por seus aliados. Ignorou o Nordeste (zona curda) e a província de Idlib, ainda nas mãos dos rebeldes apoiados pela Turquia. O resultado dessa eleição, da qual tomaram parte dois outros candidatos, não é de surpreender, em razão do domínio do presidente sobre o país; porém, sustenta a imagem de governante inamovível que ele construiu ao longo de dez anos de guerra civil. Em março de 2011, na esteira das revoltas árabes e depois da queda de três dirigentes da região, a saída do clã Assad parecia inevitável. Além da pressão interna, exercida sobretudo pelas manifestações populares em Deraa, Homs, Hama e Alepo, o regime estava encurralado…