Qual é a coalizão diante do bloco burguês?
Com a aproximação das eleições presidenciais de abril na França, o destino das classes populares não parece cativar os candidatos de direita ou de centro. Mesmo a esquerda por vezes se deixa levar pela ideia de que a preferência eleitoral dos trabalhadores oscilaria entre a abstenção e a extrema direita. Esse clichê baseia-se em uma representação profundamente equivocada das forças sociais
Ele é filho de médicos, passou por uma escola católica de Amiens, é diplomado pela Sciences Po, pela Escola Nacional de Administração, inspetor das finanças e investidor financeiro. Ela é filha de um empresário, antiga estudante de um liceu católico de Versalhes, diplomada pela Escola de Altos Estudos Comerciais (HEC), pela Escola Nacional de Administração e conselheira de Estado. Ele corteja os europeístas com ensino superior; ela seduz os notáveis. Seu casamento teria unido o bloco burguês.1 Mas eis que Emmanuel Macron (La République en Marche) e Valérie Pécresse (Les Républicains, partido do ex-presidente Nicolas Sarkozy) estão brigando pelos votos. Impressão de um déjà-vu: as duas principais formações políticas francesas rivalizam para satisfazer as aspirações de uma camada social poderosa, influente, mas minoritária – a dos executivos e das profissões intelectuais superiores, assim como os empresários, que, juntos, constituem cerca de 20% da população ativa. Um peso análogo ao…