Quem será o próximo inimigo?
Já que Washington pretende garantir a liderança da cruzada democrática – “A América está de volta, pronta para governar o mundo”, proclamou Joe Biden em 24 de novembro de 2020 –, os países–satélite deveriam entender que os norte-americanos não têm mais um acordo quanto à identidade de seu principal adversário. As razões têm pouco a ver com a geopolítica mundial e tudo a ver com suas divisões internas.
O cartão de Anders Fogh Rasmussen não esperou pela véspera do Ano-Novo. O ex-secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) resumiu assim a missão que esta deverá cumprir, segundo ele, assim que Donald Trump tiver deixado a Casa Branca: “Em 2021, os Estados Unidos e seus aliados terão uma oportunidade que se apresenta apenas uma vez a cada geração: reverter o recuo global das democracias em face de autocracias como a Rússia e a China. Mas para isso será necessário que as principais democracias se unam”.1 O que muitas delas fizeram – uma geração atrás, precisamente – invadindo o Afeganistão, depois o Iraque. Portanto, é hora, aparentemente, de enfrentar adversários mais poderosos... Mas por qual começar? Já que Washington pretende garantir a liderança da cruzada democrática – “A América está de volta, pronta para governar o mundo”, proclamou Joe Biden em 24 de novembro de 2020 –, os países-satélite deveriam entender que os norte-americanos não têm mais um acordo quanto à identidade de seu principal…