Sob as bombas em Beirute
Até onde irá a intenção israelense de destruir as infraestruturas do Hezbollah? Os bombardeios maciços agora se estendem a outras cidades além da capital. Depois de decapitar a liderança do partido xiita, Tel Aviv emprega uma estratégia de comunicação que incentiva confrontos sectários, ressuscitando o espectro de uma nova guerra civil
Uma engrenagem sangrenta, chuva contínua de bombas, centenas de mortos. Após um mês de uma campanha de bombardeios intensos que atingem o sul e o leste do país, bem como os subúrbios densamente povoados do sul de Beirute, Israel devolveu à capital libanesa a aparência de uma cidade marcada tanto pela guerra civil (1975-1990) quanto pelo conflito de 2006, que durou 33 dias, entre o Hezbollah e o Exército israelense.1 Os habitantes de Beirute rapidamente retomaram seus reflexos de sobrevivência e de solidariedade, “característicos do Homo libanicus”, ironiza Nasri Sayegh com um sorriso triste. Em meio ao caos, o artista se empenhou a dar abrigo em um armazém abandonado a cerca de 150 mulheres de Serra Leoa, trabalhadoras domésticas abandonadas à própria sorte por seus empregadores. Um ano de confrontos transfronteiriços havia transformado o sul do Líbano em uma “zona morta”.2 Então, a situação do País dos Cedros mudou na…