“Somos todos gregos”
Há dois séculos, em março de 1821, os gregos levantaram-se para acabar com a dominação otomana. Com oito anos de duração, essa guerra de independência fascinou diversos intelectuais europeus. Alguns, como o poeta Lord Byron, decidiram até juntar-se aos combatentes. Como explicar tamanho entusiasmo?
“Quem se lembra hoje da emoção que apenas o nome ‘Grécia’ despertava, entre 1821 e 1829?”, perguntava-se Edgar Quinet em 1857.1 O entusiasmo era intenso, queimava para aqueles que, tal como o poeta britânico Lord Byron, uniram o gesto à palavra a ponto de ir morrer junto aos muros de Mesolóngi. Seu objetivo: ajudar os gregos a se livrarem da opressão turca. No início do século XIX, o Império Otomano já havia ultrapassado o Mar Egeu havia quatro séculos. Reinava absoluto sobre a população grega ortodoxa, apropriando-se de suas terras e restringindo seus direitos. Em 1821, quando os gregos se revoltaram, logo receberam muitos apoios do resto da Europa. As origens desse movimento, denominado filelenismo, são múltiplas. Antes de tudo, a esperança de que a revolta grega pudesse reacender a chama da contestação em um continente que sufocava sob a proteção da Santa Aliança. As potências que venceram Napoleão –…