Os esmagados pela guerra brutal
O Sudão está fora da lista mundial de prioridade; foram esquecidos pela mídia, negligenciados pela vontade política e ignorados pela maioria das instituições humanitárias
O Sudão está fora da lista mundial de prioridade; foram esquecidos pela mídia, negligenciados pela vontade política e ignorados pela maioria das instituições humanitárias
Massacres, torturas, estupros, saques… Desde 15 de abril de 2023, a guerra civil sudanesa já provocou quase 20 mil mortes e o deslocamento de 8 milhões de pessoas. Foi declarado estado de emergência alimentar no vizinho Chade, onde várias centenas de milhares de civis buscam refúgio. Estimulado pelo tráfico internacional de armas, o conflito tem raízes na longa história do Sudão
Os protestos no mundo árabe do ano passado inscrevem-se em um linha reta em direção às revoltas de 2011-2012. Quase uma década depois, a oposição segue exigindo a deposição do poder, mas sem sucesso, por não conseguir estruturar-se no plano político. No Golfo, como no Magreb e no Oriente Médio, o confessionalismo não determina mais as rivalidades geopolíticas
Os movimentos populares que se opõem aos regimes argelino e sudanês contrastam com a regressão contrarrevolucionária que atravessa o mundo árabe desde o início da década. Em ambos os casos, os poderes constituídos sob bases militares não podem conduzir eles próprios uma transição destinada a eliminar sua influência no Estado e em seus recursos
Seis anos após a independência, o Sudão do Sul é devastado pela guerra civil. Mediadores dirigem-se, desordenadamente, para o pequeno país petroleiro da África central. Mas não é possível vislumbrar nenhuma paz sustentável sem afastar as simplificações midiáticas: o conflito não é “étnico”, é político. E suas raízes remontam à colonização britânica
Há décadas a dívida africana mobiliza a atenção das instituições financeiras internacionais e das associações que reclamam pura e simplesmente sua anulação. Alguns países se desendividaram graças ao aumento do preço das matérias-primas, porém, outros construíram novos passivos e são ameaçados por fundos abutresSanou Mbaye
Uma feroz guerra civil eclodiu no fim de 2013 no Sudão do Sul. Opondo partidários do presidente Salva Kiir aos do ex-vice-presidente Riek Machar, ela ameaça a estabilidade regional. Enquanto isso, do outro lado da fronteira, o Exército sudanês, lutando com grupos rebeldes, provoca deslocamentos maciços da populaçãoJean-Baptiste Gallopin
No mais recente genocídio africano, “conflito étnico” é, de novo, um mito que mascara a realidade. Na raiz dos massacres está a disputa por petróleo, e a omissão calculada dos EUA, China e FrançaGérard Prunier