No coração das guerras e dos tráficos
O ouro africano desperta cobiça, inclusive quando se trata de produções artesanais clandestinas. No caso do Sudão, ele permite que as duas facções em guerra se armem. Para a Rússia, é um meio de contornar as sanções ocidentais, contando com os Emirados Árabes Unidos, que se mostram pouco exigentes quanto à origem do metal amarelo
Longe dos holofotes da mídia, o Sudão segue afundando.[1] A guerra iniciada em 15 de abril de 2023 entre as Forças Armadas Sudanesas (FAS), comandadas pelo general Abdel Fattah al-Burhan, e as Forças de Apoio Rápido (FSR), uma milícia paramilitar auxiliar sob o comando de Mohamed Hamdan Daglo, conhecido como “Hemetti”, já deixou mais de 30 mil mortos e forçou o deslocamento de 11 milhões de pessoas.[2] Segundo a ONU, metade da população, ou seja, 25 milhões de pessoas, precisa urgentemente de ajuda alimentar para enfrentar a fome que assola o país. As perspectivas de paz continuam muito incertas, especialmente porque as raras tentativas de mediação fracassam uma após a outra, como foi o caso das negociações de Jidá, conduzidas sob a supervisão dos Estados Unidos e da Arábia Saudita. No campo de batalha, tanto as FAS como as FSR contam com a venda de ouro para financiar seus respectivos…