Entre a descoberta de surpreendentes capacidades dos bonobos – que resolvem conflitos copulando – e o destaque conferido ao sofrimento das criações na pecuária, nossa percepção sobre os animais foi modificada e a questão assumiu uma importância inesperada. Em geral acalorados, os debates que surgem não podem ser reduzidos a caricaturas: os malvados carnívoros arrogantes contra os doces vegetarianos empáticos, ou, pelo contrário, o bom senso dos comedores de carne contra o sectarismo dos trituradores de cenoura. Os questionamentos que surgem são de fato relevantes: qual é a parcela animal do ser humano? Qual é a melhor forma de coexistir? Devemos alguma coisa às outras criaturas vivas? Resta, por fim, descobrir se esse acolhimento da alteridade, alimentado de emoção, pode contribuir para o progresso social