A amarga vitória democrata
As primeiras escolhas de Joe Biden para postos-chave de sua administração (Relações Exteriores, Finanças, Meio Ambiente) ameaçam decepcionar quem espera mudanças profundas na Casa Branca. Entretanto, mesmo uma política pouco ambiciosa enfrentará muita resistência de um Partido Republicano que não sofreu a derrota que se esperava
A maioria dos ativistas democratas ficou muito decepcionada em 3 de novembro, noite em que seu candidato venceu a eleição presidencial norte-americana. Para eles, quase nada saiu como planejado. É certo que Donald Trump perdeu, mas por pouco, já que algumas dezenas de milhares de votos adicionais em um punhado de estados (Geórgia, Wisconsin, Arizona, Pensilvânia) teriam bastado para que o atual ocupante da Casa Branca permanecesse lá por mais quatro anos. Esse resultado apertado o encoraja a reclamar de fraude, enquanto seus apoiadores mais exaltados atacam máquinas de votação cujo software, projetado na Venezuela para Hugo Chávez, permitiria distorcer à vontade os resultados. O espetáculo do ex-prefeito de Nova York Rudolph Giuliani, advogado pessoal do presidente dos Estados Unidos, enxugando a testa enquanto essas acusações bizarras eram feitas com seu aval, dá a medida daquilo em que se transformou a política norte-americana. Mais preocupante e mais sério para Joe…