A assinatura das máquinas de escrever digitais
Como identificar um texto gerado pelo ChatGPT ou um programa equivalente? Professores, editores e jornalistas estão, entre outras profissões, diariamente diante dessa questão. Uma das respostas consiste em detectar as formas linguísticas recorrentes usadas por essas ferramentas. Formas que, ao que parece, são inspiradas na arte oratória latina e cuja onipresença pode comprometer a diversidade da linguagem
Um ritmo singular se impõe, de modo discreto mas generalizado, em muitos textos produzidos e disseminados no universo digital. Ele aparece nas redes sociais, em posts de blogs e, às vezes, até em artigos de imprensa – em inglês, em francês e em diversas outras línguas. Essa nova “assinatura” baseia-se no uso recorrente de duas figuras de estilo elementares. A primeira consiste em encadear duas frases de sentido contrastante, segundo uma estrutura do tipo: “Não é isto, é mais aquilo”, ou então “Não só..., mas também...”. A primeira instala uma expectativa, uma hipótese ou uma crença; a segunda a refuta. Chamemos essa figura de díptico pivô. A segunda estrutura apoia-se num ritmo ternário: uma sequência de três proposições que se amplificam ou se complementam. Podem ser três verbos, três frases breves ou uma progressão em três tempos rumo a uma ideia mais densa: “É um sistema que constrange, que reforça,…