A brutalização da relação da polícia com os manifestantes
Há quase um século, a República francesa assumiu a intenção de lidar com os protestos populares de rua procurando ao máximo evitar o confronto. A partir dos anos 2000, a abordagem se tornou mais punitiva e a prioridade passou a ser prisão dos “agitadores” – uma mudança que favorece a violência e coloca em questão o respeito, por parte do Estado, ao direito de manifestação
Em 1891, da galeria do Palais Bourbon, um deputado denunciava a violência sofrida dias antes por manifestantes em uma pequena cidade do norte da França. O dia havia começado com uma reunião em frente a uma fábrica. Por volta das 9 horas, “os gendarmes, por ordem do tenente e sem provocação, atacaram. Um homem ficou ferido, uma criança teve metade da orelha decepada. Isso despertou a ira da multidão, que acabou se manifestando por meio do lançamento de pedras”. Após um momento de calmaria, a situação voltou a ficar tensa: “Por volta das 3 horas, houve novo embate e o número de manifestantes aumentou”. Então irrompeu a violência: “Os policiais atacaram de todos os lados. Mulheres, crianças e idosos foram derrubados. A raiva cresceu. Um grande número de cidadãos reagiu aos gendarmes com pedradas”. De repente, a tragédia: “reinava uma grande desordem e foi então que, sem ninguém saber de…