A revolta francesa e a defesa dos ideais democráticos
É notável a força desse movimento contra uma reforma que visa, em especial, elevar a idade de aposentadoria de 62 para 64 anos
É notável a força desse movimento contra uma reforma que visa, em especial, elevar a idade de aposentadoria de 62 para 64 anos
Há quase um século, a República francesa assumiu a intenção de lidar com os protestos populares de rua procurando ao máximo evitar o confronto. A partir dos anos 2000, a abordagem se tornou mais punitiva e a prioridade passou a ser prisão dos “agitadores” – uma mudança que favorece a violência e coloca em questão o respeito, por parte do Estado, ao direito de manifestação
As maiores manifestações da história de Rodez, Laval e Clermont-Ferrand; 200 mil pessoas em Marselha. A mobilização contra a reforma da Previdência na França é poderosa. Sem dúvida porque o desafio excede a idade da aposentadoria e do texto analisado no Parlamento. Nas ruas, também rejeitamos uma sociedade do cada um por si, em que a acumulação especulativa importa mais que a solidariedade
O problema da democracia brasileira não é a falsa oposição entre liberalismo de esquerda e liberalismo de direita. A questão fundamental, tanto para a democracia, como para a economia é voltar a discutir um projeto nacional de desenvolvimento que recoloque novamente questões fundamentais em pauta, para além da obra ficcional da imprensa brasileira
Nem sempre a greve é um sinal de força do movimento sindical. Muito pelo contrário, o que aparentemente é uma demonstração de poder pode revelar na verdade a fragilidade do movimento
Pensar que a reforma da Previdência contou com marchas de rua com milhares de pessoas em seu apoio chega a ser bizarro. Como explicar esse tipo de conduta?
A reforma da Previdência é falha em todos os seus aspectos, não corta privilégios, e sim os exacerba, ignora os verdadeiros vilões das contas públicas e repassa o débito para a população
A Constituição Federal de 1988 criou um inovador sistema de seguridade social e não deixa de ser um forte instrumento de indução institucional, visto que as mudanças que essa Carta introduziu nas políticas sociais “acarretaram a inclusão dos outsiders, mais da metade da população brasileira antes excluída de direitos sociais”, no universo desses direitos
Da reforma da trabalhista à reforma da previdência, as políticas neoliberais conhecem seu êxtase desviando a atenção do que é fundamental para a esquerda: repensar as formas de organização econômica
O governo terceirizado de Temer não conseguir finalizar a devastação. Foi um intermitente “bem sucedido”, mas inconcluso. Deixou para seu imprevidente sucessor
O ardil da “reforma” é retirar da Constituição todas as regras do Regime Próprio de Previdência do Servidor (RPPS) e do Regime Geral da Previdência Social (RGPS), e introduzir nela o regime de capitalização individual. Transformações de grande monte, sem debate com a sociedade, serão feitas por leis complementares
Quando Paulo Guedes diz que precisa economizar R$ 1 trilhão em dez anos, o valor mágico é apresentado como simples operação contábil. Nem ele nem ninguém até aqui mencionou o fato de que, o que é apresentado como “economia” para o governo, na verdade representará um enxugamento brutal de recursos hoje disponíveis para o consumo das famílias
O pouco de progressividade da proposta é largamente compensado pela regressividade quando se analisa a questão do tempo de contribuição e a redução de benefícios. Aqui a lógica não é distributiva nem de equidade, mas apenas fiscal. Confira no Observatório da Economia Contemporânea
Apesar da necessidade de olhar esse processo com a cautela necessária para manter sua capacidade de financiamento no longo prazo, o sistema de previdência é, antes de tudo, uma grande massa de recursos públicos cobiçada pelo mercado, e este tem orientado o sentido das reformas desde a instauração do governo Temer
Um relato sobre os movimentos de revolta popular “Fuera OMC” e contra a Reforma da Previdência que sacudiu a cidade Buenos Aires
Devido às características do mercado de trabalho brasileiro, a capacidade de contribuição dos trabalhadores é bastante limitada. Consideremos apenas o alto nível de informalidade, a rotatividade elevada e a baixa remuneração. Isso implica que, ao chegar aos 65 anos, parte das pessoas não terá atingido os 25 anos de contribuição exigidos e não poderá se aposentar
Se for aprovada a reforma que se vê no horizonte, homens e mulheres, rurais e urbanos, trabalhadores privados e servidores públicos terão de comprovar idade mínima de 65 anos e 49 anos de contribuição para terem acesso à aposentadoria com valor integral