Às vésperas do XX Congresso do Partido Comunista Chinês, uma sombra paira sobre a China: a da classe média. Esta última esteve no cerne da grande virada impulsionada nos anos 1990 e permanece no centro dos desafios atuais. As centenas de milhões de chineses que a compõem (entre 350 milhões e 700 milhões, conforme diferentes critérios e estimativas) se beneficiaram das reformas, tiveram acesso à universidade e a empregos bem remunerados e garantiram educação e conforto a seu único filho. Também acumularam patrimônio imobiliário: 87% dos casais são proprietários de ao menos um apartamento e 20% possuem vários.1 Usufruíram igualmente de um consumo desenfreado, mas estandardizado, e de um estilo de vida novo, mas ao preço de uma competição feroz, de todos contra todos... Espera-se deles que desempenhem um papel central na estratégia econômica definida pelo PC chinês alguns anos antes da ascensão ao poder de Xi Jinping, em 2012:…