A consolidação da direita cristã
Encerradas as eleições, uma reflexão desafiadora se impõe sobre o lugar da religião nesse processo. Das tantas possibilidades de análise, acompanhando o que já vinha sendo indicado por colegas pesquisadores das diferentes áreas das ciências humanas e sociais, proponho neste artigo nos determos em um elemento de destaque que provoca interrogações sobre o futuro próximo do cenário político do país: a consolidação de uma direita cristã brasileira
Com os mesmos pilares que geraram nos anos 1970, nos Estados Unidos, o movimento político Moral Majority (Maioria Moral), o Brasil experimenta, com o governo Bolsonaro e a campanha por sua reeleição, a consolidação de uma direita cristã. Foi nos anos 1970 que teve início, nos Estados Unidos, um processo de recuperação do “evangelicalismo” como fator de unidade e transição. O fundamentalismo, movimento conservador nascido entre evangélicos daquele país, no início do século XX, para a defesa dos fundamentos da fé cristã em reação à modernidade, ganhou nova significação. Figuras de destaque, como os pastores Jerry Falwell, Tim LaHaye e Pat Robertson, de posse de amplos recursos financeiros e de acesso ao rádio e à TV, se organizaram para retomar a “América para Jesus”. Foi a era dos televangelistas. É um tempo de maior ativismo político, com aproximação do Partido Republicano, formação de grupos de pressão, lobbies e articulações, como…