A esperança do aborto legal renasce na Polônia
Após oito anos de governo conservador, o Parlamento polonês devolveu sua confiança a Donald Tusk em 11 de dezembro. Esse ex-presidente do Conselho Europeu anuncia um novo idílio com Bruxelas e mais liberdades para os poloneses. Entre elas, o retorno do direito ao aborto. Arrancada do campo liberal pelas mobilizações feministas, essa promessa vai fazer o debate continuar nessa nova coalizão
“A essência de nosso programa é devolver às polonesas a dignidade e garantir sua segurança”, declarava Donald Tusk em um encontro de campanha em Gliwice (Silésia) em setembro de 2023, quando o aborto era praticamente proibido na Polônia. Na chefia do governo desde 11 de dezembro, ele promete instaurar acesso livre à interrupção voluntária da gravidez (IVG) até a 12ª semana e suprimir a cláusula de consciência para os médicos que trabalham nos estabelecimentos públicos. Primeiro-ministro de 2007 a 2014, ele se definia, no entanto, durante o Congresso das Mulheres em Varsóvia, em 2013, como “um opositor da liberalização do ‘compromisso’”. O termo designa uma das legislações mais restritivas da Europa, adotada em 1993 para satisfazer a todo-poderosa Igreja Católica e ainda mais endurecida pelo partido ultraconservador Direito e Justiça (PiS), que comandou o país a partir de 2015. Nesse meio-tempo, intensas mobilizações feministas balançaram o país. Será que elas…