A festa proibida
A música, quando não é “culta”, tende a ser considerada portadora de riscos diversos. Ela é assim enquadrada a golpes de normas de segurança draconianas e de limitadores de sons brutais. A história das relações entre as autoridades e as festas techno testemunha uma longa desconfiança que se endurece e se transforma em repressão
Em 19 de junho de 2021, Gérald Darmanin, ministro do Interior, lançou em plena noite quatrocentos policiais em ofensiva contra uma free party organizada em Redon, na Bretanha, em homenagem a Steve Maia Caniço, que, em 2019, morreu no Rio Loire durante uma intervenção policial na Festa da Música em Nantes. Enquanto choviam granadas e golpes de cassetete, os bombeiros foram impedidos de intervir para ajudar os feridos, entre os quais um jovem que ficou sem uma das mãos. Pela manhã, a aparelhagem de som, no valor de mais de 100 mil euros, foi destruída com golpes de machado, sem nenhum procedimento legal. Embora essa violência excepcional pareça ter sido motivada por uma mostra de autoridade às vésperas das eleições regionais, a pressão que pesa no cenário da free party é constante já há uns vinte anos. A free party (não confundir com a rave paga) é uma festa livre…