A financeirização da natureza não solucionará as crises ambientais
Não é possível que o próprio modelo que provoca os impactos ambientais e toda a destruição que vivemos hoje seja o protagonista e promotor das soluções e saídas para eles. Pelo contrário, as saídas apontadas geram mais contradições e desigualdades
Na atual hegemonia do capital financeiro, o modelo capitalista cria novas e diferentes engenharias para transformar contradições em possibilidades de acúmulo de mais-valia. Na dimensão ambiental, essas novas formas de acumulação combinam, por exemplo, as formas clássicas de exploração dos bens comuns com novidades baseadas nas agendas “verdes”, o dito capitalismo verde, como os projetos de mercado de carbono, transição energética, mineração “verde”, entre outros. Essas ações são na verdade um conjunto de práticas econômicas que visam inserir elementos da natureza no processo de financeirização, apresentando-se como “soluções para a questão climática”. Portanto, a síntese dessa agenda é o debate das alterações climáticas, que, mesmo sendo uma realidade urgente, são forçadamente apresentadas como o único problema ambiental, em detrimento de outros, como a perda de biodiversidade, o aumento da poluição química, a perda da cobertura dos solos e a acidificação dos oceanos. Sob essa égide, tem-se disseminado maciçamente que o…