A frente neocolonial
O bolsonarismo se apoia na burguesia comercial improdutiva, na burguesia industrial dependente e importadora, no setor extrativo atrasado e ilegal, no agronegócio desregulado e em uma infinidade de “pequenos empreendedores”, uberizados e precarizados. O setor financeiro foi conquistado a posteriori, no segundo turno da eleição presidencial, com o aval do ultraliberalismo de Paulo Guedes
O bolsonarismo é um fenômeno de múltiplas dimensões. Alguns autores procuram na teoria política semelhanças com outros fenômenos políticos, como o bonapartismo (Ricupero, 2019). Outros preferem buscar na psicanálise ou na psicologia de massas algumas referências para pensar o papel de Bolsonaro na política nacional (Souza, 2018). O que parece claro, no entanto, é que o bolsonarismo já pode ser considerado um fenômeno capaz de organizar a disputa política brasileira em seu aspecto eleitoral, ideológico e de blocos e frações de classe no poder. O bolsonarismo como fenômeno social e político Do ponto de vista eleitoral, sua base inicial se concentrava no centro-sul do país, era majoritariamente masculina e crescia conforme aumentava a idade, a renda e a escolaridade. Em grande medida, ela se confundia com a base tradicional do antipetismo,1 mas com um avanço sobre a região Norte e uma participação muito mais intensa em estados-chave, como Minas…