A gente gostaria, mas não pode…
É inverno para a esquerda europeia. Distantes das esperanças despertadas em seu lançamento, as novas formações críticas da social-democracia, Podemos na Espanha (pág. 8) e Die Linke na Alemanha (pág. 12), estão fragilizadas, enquanto na Itália o desaparecimento do Partido Comunista, em abril de 1991, deixou o campo progressista perdido (pág. 11). Incapaz de ouvir as aspirações populares e aproveitar o descontentamento geral (pag. 6), a esquerda espera reunir, graças a uma retórica consensual, grupos sociais que, no entanto, tudo separa (ver abaixo)…
A França vai passar por uma eleição presidencial em três meses e é muito nítida a sensação de que a esquerda vai perdê-la mais uma vez. Isso é ainda mais visível porque, mesmo no caso improvável de que as esquerdas estivessem unidas durante a votação, as várias tendências que compõem essa “família” já não têm muito em comum. Como elas governariam juntas, quando se opõem em questões tão essenciais como a cobrança de impostos, a idade de aposentadoria, a União Europeia, a continuação ou o fim da energia nuclear, a política de defesa, as relações com Washington, Moscou e Pequim...? Apenas o medo comum da extrema direita ainda as une. Mas, ao longo de quatro décadas, a ascensão desta última continuou, enquanto “a esquerda” exerceu o poder por vinte anos (1981-1986, 1988-1993, 1997-2002, 2012-2017). Em outras palavras, as estratégias adotadas para conter esse perigo falharam espetacularmente. Fora da França, a…