A história sombria dos feijões
Dos olmecas aos astecas, passando pelos maias, os povos desta região da América Central hoje chamada México organizaram sua alimentação em torno de plantas desconhecidas no Ocidente: feijão, abóbora e milho. No entanto, os conhecimentos e as práticas botânicas acumulados ao longo de milênios foram destruídos pelos conquistadores e saqueados por comerciantes
Quem se lembra? Em outros tempos, o feijão foi oferecido como presente aos ancestrais distantes dos mexicanos pelo deus Quetzalcoatl, a mítica serpente emplumada. Desse feijão original surgiram variedades como feijão-verde, fradinho, carioca, preto, manteiguinha, andu, branco, vermelho etc. Esses nomes às vezes escondem o fato de serem variedades de sementes de uma mesma planta tropical. Os leitores de João e o pé de feijão sabem disso; o mesmo acontece com os jardineiros, que se divertem com a ideia de plantas “imóveis”. Phaseolus vulgaris, o “feijão comum”,1 é volúvel: seu caule, fraco demais para escalar sozinho, deve encontrar um suporte ao redor onde se enrolar em hélice, para subir em direção à luz, sempre no sentido anti-horário. Talvez os romanos tivessem visto isso como um mau presságio. Contudo, eles não conheceriam o feijão, assim como nenhum europeu antes de Cristóvão Colombo. Tampouco conheciam milho e abóbora, outras oferendas da serpente…