A justiça internacional no caldeirão de Gaza
Os tribunais internacionais raramente estiveram sob tantos holofotes. Os dois processos abertos em Haia sobre Gaza – um contra o Estado de Israel e outro contra dois de seus líderes e aqueles do Hamas – ilustram as rupturas de uma geopolítica tumultuada
“Um alto dirigente acaba de me dizer: ‘Esta corte foi feita para a África e para bandidos como Putin’.”1 No último dia 20 de maio, na CNN, o procurador do Tribunal Penal Internacional (TPI) discutiu as reações à sua solicitação de mandados de prisão contra três líderes do Hamas – Yahya Sinwar, Mohammed Diab Ibrahim al-Masri (conhecido como “Deif”) e Ismail Haniyeh –, assim como contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e seu ministro da Defesa, Yoav Galant, por crimes de guerra e crimes contra a humanidade na Faixa de Gaza. Inédita contra representantes eleitos de um país democrático, a requisição foi qualificada de “escandalosa” pelo presidente norte-americano, Joe Biden, enquanto vários legisladores republicanos prometeram represálias contra o procurador. Netanyahu, por sua vez, a rejeitou, reafirmando que nada impediria Israel em suas operações de “legítima defesa”. Inspirado no Tribunal de Nuremberg – e seu equivalente de Tóquio –, o…