A maré feminista no Chile
A esquerda chilena procura unidade. Os estudantes abriram a via em 2011; de volta à cena política, eles fizeram uma tentativa de transformação nas eleições de 2013, enquanto os sindicatos continuam entorpecidos. Após realizar uma das maiores mobilizações desde o fim da ditadura, o movimento feminista, por sua vez, reacende a esperança
Não foi uma onda, e sim um tsunami colorido que, no dia 8 de março de 2019, inundou as ruas de Santiago, sob um sol radiante e o olhar torto dos carabineiros, como são chamados os policiais locais. Para celebrar a primeira greve feminista da história do Chile, mais de 350 mil pessoas cantaram, dançaram e conversaram no centro da capital. Principalmente mulheres, e jovens. Corpos pintados, manifestantes com a família, companheiros, filhos, cachorros de rua, todos acompanhavam essa marcha alegre e furiosa nessa jornada internacional pelo direito das mulheres. As avós que sobreviveram à repressão da ditadura do general Augusto Pinochet (1937-1989) e os militantes defensores dos direitos humanos estavam lá, como Alicia Lira, presidente do Coletivo de Famílias de Executados e Executadas Políticas, e desfilaram com as fotos de seus desaparecidos. “As razões pelas quais a ditadura os assassinou são exatamente as mesmas pelas quais marchamos hoje: nossos…