A “ordem baseada em regras”
Em vez do direito internacional e da Carta das Nações Unidas, os países ocidentais agora invocam um novo sistema supostamente destinado a pacificar as relações entre Estados. Vaga e desprovida de bases teóricas sólidas, essa “ordem multilateral” visa perpetuar o domínio dos Estados Unidos e de seus aliados sobre os rumos do mundo
Uma nova expressão está surgindo na boca dos diplomatas norte-americanos. Diante das ameaças à paz, seria urgente defender os imperativos de uma “ordem internacional baseada em regras”, ou rules-based order (RBO), em inglês.1 Em um tipo de reflexo pavloviano, os demais ocidentais repetem essa fórmula. Em outubro de 2021, em uma declaração conjunta, Washington e Paris afirmaram a intenção de “fortalecer a ordem multilateral baseada em regras”. A bússola estratégica da União Europeia, adotada em março de 2022, proclama que, “para defender a ordem internacional baseada em regras”, Bruxelas “continuará a fortalecer suas relações com parceiros e países que compartilhem os mesmos valores”.2 E, em fevereiro de 2023, os líderes do Diálogo Quadrilateral para a Segurança (Quad), reunindo Estados Unidos, Austrália, Índia e Japão, reafirmaram sua “determinação em manter a ordem internacional baseada em regras, na qual os países estão livres de qualquer forma de coerção militar, econômica e política”.3…