A outra face do milagre coreano
Tecnologia de ponta, hits cantarolados em todos os continentes, séries e filmes de sucesso mundial: a Coreia do Sul goza de uma imagem particularmente positiva. Um pouco como se, em muitos domínios, Seul mostrasse o caminho ao resto do mundo. Descobrir a realidade das condições de vida da população local convida, na maior parte das vezes, a esperar que não seja esse o caso
É uma figura gasta da mídia tradicional. Um contestador põe em dúvida as virtudes da democracia liberal ocidental? Basta responder “Então vai morar na Coreia do Norte!” para trazer para seu lado os que riem. A Península da Coreia oferece ao pensamento dominante um contraste eficaz para demonstrar a superioridade de duas opções: ao Norte, a ditadura, a fome e o carrinho de mão; ao Sul, a democracia, a abundância e os semicondutores. De um lado, o contraste da cinzenta monotonia comunista; de outro, um “modelo” a imitar, como sugere, por exemplo, Louis Gallois, um dos mais ilustres representantes do patronato francês.1 O modelo de um país tão pobre quanto a Índia nos anos 1950, mas que desde essa época se tornou a 12ª potência econômica mundial e a quem a Bloomberg conferiu sete vezes o título de “país mais inovador” entre 2014 e 2021.2 Em resumo, não um país,…