A outra margem da política
Durante os meses de maio e junho, pensadores brasileiros e franceses fazem conferências no Rio, em São Paulo, Belo Horizonte e Brasília sobre as mutações na política
Poucos negariam o diagnóstico: há uma evidente decomposição do sistema de representação política e do corpo político como um todo, o que deixa exposta a diferença abissal entre “governo democrático” e vida democrática, isto é, o povo criando de forma permanente e vivendo em democracia; vivemos um momento de incerteza e desordem, sérios conflitos criados pela ocupação das instituições do Estado por entidades religiosas; falta de alternativas claras; redes digitais que surgem como os novos mediadores entre a sociedade e o Estado; crise dos partidos políticos; crise dos universais; singularização e fragmentação das lutas fora da visão da história e do futuro; a definição da “democracia” como consumo democrático, “supermercados dos estilos de vida”; mentiras sobre legitimidade política; pequenos e grandes golpes sem disfarce; e mais: democracias contemporâneas que se servem da técnica para estabelecer limites do poder político do povo. Em síntese, um absoluto apolitismo. Além dos velhos problemas…