A política na praia de tombo
Na última década, a política latino-americana parece mais com uma praia de tombo em dia de mar agitado. Quanto maior é o declive, mais curtas são as ondas, mas também mais agitadas e violentas
Há poucas semanas, voltei da Argentina. Uma viagem de quinze dias para visitar família e amigos, realizar alguns trâmites pessoais e participar de atividades acadêmicas. Transcorridos os primeiros oito meses do governo de Javier Milei, o país não dá sinais de sair da crise; pelo contrário, as políticas pró-cíclicas em tempos de recessão abrem caminho para a queda livre. O preço do transporte público, da comida, dos produtos de higiene pessoal e das roupas causam assombro, e eu (local e visitante ao mesmo tempo) demorei uns três dias para entender como fazer uso de um monte de notas que não valem nada. A Universidade de Buenos Aires, sob ataque do governo como o resto das universidades públicas, estava em greve, mas conseguimos desenvolver as atividades planejadas, e os trâmites no Ministério de Educação são bastante demorados. Na verdade, já não há tal ministério; agora a educação depende do novíssimo Ministério…