A Rússia é vassala da China?
A guerra na Ucrânia marca uma ruptura duradoura nas relações entre a Rússia e a Europa e acelera o aprofundamento da parceria estratégica russo-chinesa. Em Paris, Bruxelas ou Londres, reafirma-se o fracasso das sanções econômicas, imaginando que a Rússia pagará por sua agressão com uma dependência aumentada em relação a Pequim. No entanto, em Moscou, o medo da vassalagem não é tão premente
Apresentada como “sem limites” durante uma visita do presidente russo, Vladimir Putin, a Pequim, em fevereiro de 2022,1 a parceria russo-chinesa é examinada com particular atenção no Ocidente. Ao declarar, numa entrevista ao jornal L’Opinion, que “a Rússia [...] iniciou de fato uma forma de vassalagem em relação à China”, o presidente francês, Emmanuel Macron, expressou o ponto de vista dominante entre líderes e observadores ocidentais.2 Segundo essa perspectiva, essa aproximação com a China, além de desequilibrada e ardilosa, seria uma escolha por falta de opção, à qual a Rússia, isolada na cena internacional desde a intervenção militar na Ucrânia, precisou se resignar, à custa do aumento da dependência em relação ao seu poderoso e inflexível vizinho oriental. Em Moscou, as coisas são percebidas de forma diferente. Sem dúvida, é perceptível certa frustração em relação a algumas questões econômicas: a relutância das empresas chinesas de alta tecnologia ou a lentidão…