A serviço de boas causas
Alguns filmes têm como objetivo melhorar o mundo. Como ajudá-los? Conectando-os com uma mensagem e mirando o público capaz de transmiti-la. Entretanto, não há garantias de que o cinema vá ganhar com isso, e menos ainda que essa estratégia resulte em um comprometimento engajado
Criado nos Estados Unidos há quinze anos, o “cinema de impacto” se propaga como um enxame de abelhas na Europa. O objetivo anunciado é mudar o mundo por meio de documentários “engajados”. Isso não é exatamente uma novidade. Em compensação, o que há de novo são o enquadramento e os meios. De fato, o “engajamento” nesse caso tem indicação do caminho a seguir, é vinculado a uma mensagem precisa, e o filme será objeto de uma campanha de direcionamento ao público-alvo que é útil à sua causa. Trata-se de “se perguntar quem deve ver esse filme para criar uma mudança sustentável”.1 Em outras palavras, trata-se de maximizar o “impacto”. Cara Mertes, que estreou como produtora na P.O.V. (Point of View), a mais antiga série de documentários da PBS, a televisão pública americana, desempenhou um papel importante na invenção desse novo gênero: “A chegada das câmeras portáteis entre os anos 1960…