A sociedade israelense entre a arrogância e o desespero
O ataque de 7 de outubro destruiu o mito de um Exército superpoderoso, no qual se baseava o sentimento de segurança da população. Em choque, a sociedade se entrega à sede de vingança, sem acreditar, no entanto, que a erradicação do Hamas seja um objetivo alcançável. Por sua vez, ao dobrar a aposta, o governo alimenta o medo de extinção do Estado de Israel
Em Tel Aviv ou Jerusalém Ocidental, as mesas dos cafés continuam lotadas. As pessoas tomam um expresso com um croissant de amêndoas. À noite, jantam uma pastasciutta. A guerra? Ah, sim, a guerra... Fala-se dela, claro. Todos voltam ao choque daquele maldito 7 de outubro de 2023, à estupefação diante de um Exército tão poderoso subitamente impotente. Contudo, logo voltam a outras preocupações. Por que falar da guerra? Gaza está tão longe (70 quilômetros de Tel Aviv...) e a guerra é tão deprimente! “O que mais me surpreende”, diz o cineasta Erez Pery, que foi diretor do Departamento de Cinema da Universidade de Sderot, a poucos passos da Faixa de Gaza, “é a rapidez com que nossa sociedade se adapta. Nas mesas dos cafés, nada mudou.” E, no entanto, “muitas pessoas mergulharam em um estado de frustração profunda ou de indignação descontrolada. A exasperação coletiva está no auge”. Nathan Thrall,…