A unidade em torno da política social neoliberal e regressiva de Paulo Guedes
A unidade prevalece na relação da classe dominante com o governo Bolsonaro, mas não exclui conflitos secundários e de curto alcance. Estes são de dois tipos: conflitos entre as diferentes frações burguesas diante da política econômica e conflitos de uma ou mais dessas frações com o movimento bolsonarista que não é burguês. Esse segundo tipo de conflito se dá, principalmente, nas áreas de política externa, política democrática e política de costumes
É uma tarefa complexa analisar o comportamento político da classe dominante no governo Bolsonaro. Temos de encontrar os conceitos com os quais devemos proceder essa análise, verificar a forma adequada de mobilizá-los e buscar informações empíricas confiáveis e suficientes. Em primeiro lugar, é preciso saber se devemos falar em classe ou em classes dominantes. Dado que no Brasil a economia capitalista penetrou e domina amplamente a produção e a circulação de mercadorias e de serviços, podemos afirmar que o correto é falar em classe dominante, no singular. O antigo proprietário de terra pré-capitalista, que explora trabalho semisservil, não desapareceu, mas é um contingente marginal e sem muita importância política. É a burguesia que controla a agricultura, a indústria, o comércio e os serviços. Em segundo lugar, é preciso saber se devemos tratar essa burguesia, que é a classe dominante no Brasil, como um bloco homogêneo ou como uma classe social…